released September 8, 2023

“São as transmissões noturnas, são os vultos grotescos, são os fungos que nascem e corroem o meu corpo frio, sobem pela minha garganta e secam a minha voz trémula. Num precipício árido, os órgãos cantam entre serras e lâminas, entoam melodias que libertam a luz aprisionada. Aos poucos amanhece. Na terra silenciosa, entre a luz ténue e baça distingue-se aquele fado ladrão, carrega tudo o que me pertence, as minhas mãos e a minha garganta que canta. No silêncio sou acorrentado e torturado por harmonias gélidas, parte de mim cai sobre a terra húmida, observo o meu fim e dou a minha vida aos pássaros (sonho).
Ninguém sabe, mas a outra parte de mim conservou-se, sou metade do que era, o vento esculpiu-me em pedra e fiquei para alimentar as sombras e as cordas dissonantes que tocam até ao fim. E aqui permaneço.”

Escrito, tocado, gravado e produzido por Luís Lopes.
Masterizado por Tomé Silva.
Texto por Mauro Santos Gonçalves.
Arte gráfica por Luís Lopes.

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"They are the nocturnal transmissions, they are the grotesque figures, they are the fungi that grow and corrode my cold body, they climb up my throat and dry out my trembling voice. On a barren precipice, organs sing between mountains and blades, they chant melodies that release the imprisoned light. Little by little, it dawns. In silent earth, between the faint and dull light, that thieving fate is clear, it carries all that belongs to me, my hands and my throat that sings. In the silence I am shackled and tortured by freezing harmonies, part of me falls over the the damp earth, I witness my end and give my life to the birds (dream).
No one knows, but the other part of me has been preserved, I am half of what I was, the wind has carved me in stone and I am left to feed the shadows and the dissonant strings that play until the end. And here I remain."

Written, played, recorded and produced by Luís Lopes.
Mastered by Tomé Silva.
Text by Mauro Santos Gonçalves.
Graphic art by Luís Lopes.